Com 40 anos de estrada, Chitãozinho e Xororó não tiveram medo de ousar em seu novo trabalho. A dupla sertaneja, referência para praticamente todos os cantores do gênero no país, resolveu inovar nos arranjos dos clássicos da carreira, e gravou, na madrugada desta quinta-feira (23), na Wood’s, em São Paulo, o disco Do Tamanho Do Nosso Amor.
Para esta produção, os irmãos chamaram Fernando Zor, da dupla Fernando e Sorocaba para a produção. “O som deles é o som que a gente sempre gostou mais”, revelou Chitãozinho.
No camarim da casa sertaneja, Chitãozinho, Xororó e o próprio Fernando falaram juntos a respeito do projeto que conta com quatro músicas inéditas, duas regravações de cantores consagrados e onze clássicos da dupla sertaneja, além das participações de Fernando e Sorocaba, do rapper Cabal e do projeto Dexterz, de Junior Lima, Amon Lima e Julio Torres.
Nova roupagem
Chitãozinho e Xororó somente inovaram nos arranjos das canções, porém, a essência continua a mesma. “O som que se ouve da música sertaneja hoje é diferente do que a gente tocava há alguns anos. A gente sentia essa necessidade de evoluir os arranjos, dar uma atualizada. Eu acho que o artista a cada período da carreira tem que dar uma guinada na situação. Então a gente já estava com essa vontade já certo tempo e fizemos uma pesquisa nas rádios e apontou realmente a gente tinha essa necessidade”, explica Chitãozinho.
Quando o assunto foi o lado comercial da produção, Xororó logo disse que a dupla nunca pensou por esse lado. Sempre fizemos nosso trabalho com muita vontade e muita seriedade. As parcerias que já fizemos ao longo da nossa carreira são muitas e quando a gente viu o trabalho dessa garotada, vimos que a música sertaneja estava partindo para um novo rumo e isso era importante para o segmento. A gente que obviamente não precisa provar nada para ninguém, então eu costumo brincar que ‘velho por tudo”, brincou.
Apesar dos novos arranjos, o cantor disse que ousar sim, mas perder a origem, nunca. “Temos a preocupação de não perder a raiz da viola, da sanfona. No mesmo disco que tem um pop rock, como Vida Marvada, tem uma moda de viola. Por isso que o público nunca se chocou com a gente”.
Fernando para a produção
A escolha de Fernando Zor para a produção do disco veio da admiração de Chitãozinho e Xororó pelo trabalho que o cantor faz ao lado do parceiro, Sorocaba. “Quase nos mataram do coração com a notícia, mas tudo bem”, brincou Fernando.
“Fernando e Sorocaba têm o som que mais se aproxima do que nós gostamos de fazer. Temos uma afinidade muito grande, o show deles é aquilo que nós gostamos e quando surgiu essa oportunidade, a gente conversou e eles toparam, acharam a ideia boa e estamos realizando hoje”.
Nem todas as canções escolhidas sofreram mudanças no arranjo, mas Xororó conta que a maioria possui arranjos diferentes. “E dentro desse repertório temos quatro músicas inéditas. Uma minha com Victor Chaves, uma música do Sorocaba, que é Do Tamanho do Nosso Amor, que vai dar nome ao disco, uma canção que Lenine fez para a gente, pensando na gente e fazia uns 20 anos que ele tinha feito”.
Fernando lembrou uma das canções inéditas é de Caco Nogueira, o mesmo que escreveu o sucesso É Tenso, gravada por Fernando e Sorocaba. “Lógico que a música não tem nada a ver com a outra. Ela se chama E Aí Tempo?, bem mais calma”.
A dupla também escolheu um sucesso de Djavan para gravar, Um Amor Puro, e um clássico de Raul Seixas, Tente Outra Vez. “Finalmente essa última vai entrar no disco”, brincaram os cantores.
“É uma experiência muito boa para nós. A gente vê a ideia antes, a gente pensava como é que a gente vai evoluir e pensamos em convidar as pessoas que já sabem fazer. O som deles é o som que a gente sempre gostou mais. Encontramos dois bons profissionais, dois bons artistas que abriram a casa deles, o estúdio deles, começamos a trabalhar juntos. Foi uma amizade que nasceu e se Deus quiser, vai durar para sempre”, revela Chitãozinho.
Para comprovar que o irmão não estava mentindo, Xororó fez questão de avisar: “Vai até ter pescaria semana que vem!”.
O show
Chitãozinho e Xororó subiram ao palco da Wood’s e já contaram com a participação de Amon Lima, que tocou violino em Pode Ser Pra Valer. Na plateia, não somente fãs de anos da dupla, como também a família inteira estava presente. Sandy e Noemi cantavam juntas com a dupla cada canção. Além da gravação do CD, câmeras estavam espalhadas pela casa, registrando o novo trabalho a dupla sertaneja.
A dupla vez uma viagem no tempo antes da gravação da primeira canção inédita: Sinônimos, Página de Amigos, Eu Menti, Página Virada, Alô e Somos Assim, fizeram parte do repertório, com mais arranjos, com destaque para sons de guitarra em muitas das músicas.
Os cantores ainda regravaram o sucesso do cantor Djavan, Um Amor Puro até chegar na inédita E Aí Tempo?, que antecipou a entrada de Fernando e Sorocaba para a gravação de Do Tamanho Do Nosso Amor, para chegar ao momento dos fãs vibrarem ao som de Fio de Cabelo e 60 Dias Apaixonado.
No repertório não podia faltar a canção de maior sucesso da dupla sertaneja: Evidências. Chitãozinho e Xororó não só gravaram a música, como pediram para tocá-la novamente, mas passaram os microfones para a plateia, que cantou praticamente toda a canção sob os olhos atentos e emocionados dos cantores.
Os fãs ainda contaram com a participação surpresa de Lucas Lima na canção Eu Não Sou Nada Sem Você.
E não podia faltar o filho de Xororó, Junior Lima tocou bateria na inédita Nosso Amor É Assim, parceria entre Xororó e Victor Chaves.
Junior continuou no palco para tocar Vida Marvada, onde o rapper Cabal marcou presença junto com o projeto Dexterz, onde Amon Lima voltou ao palco junto com DJ Julio Torres. Quem também voltou para tocar com a dupla foi Fernando Zor, que fechou o show junto com Chitãozinho e Xororó em Tente Outra Vez, clássico de Raul Seixas.
Os artistas são responsáveis pela produção de todos os seus trabalhos. Fernando, renomado músico multi-instrumentista, é o responsável por criar os arranjos de todas as músicas, e Sorocaba, além de músico, destaca-se por suas composições, o que torna o trabalho autoral.
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